A Sociedade Filarmónica Lira Fraternal Calhetense foi fundada em 1888. Inicialmente constituída por um agrupamento musical de apenas catorze tocadores.
Sabemos que a sociedade fechou as suas portas por volta da década de 10 do século XIX quando Manuel Homem de Freitas emigrou para os Estados Unidos da América e reabre por volta dos anos 20 pela mão de Manuel Ferreira de visita do Brasil, para onde tinha emigrado.
Por volta de 1934 nova crise volta à filarmónica e alguns membros saem descontentes e formam uma nova banda “União Musical Calhetense” – a Música Nova – com Gregório Reis à frente e com os tocadores que estão do seu lado e outros que prepara à pressa. É nesta altura de lutas e rivalidades que, para assegurar a sua legalidade, se elaboram e aprovam os estatutos da Lira Fraternal Calhetense sob a orientação de João Ávila de Melo.
Viveram-se alguns anos de tremendas hostilidades entre as pessoas da freguesia, pois uns torciam pela Música Nova outros pela Música Velha. O único aspecto positivo de todo este partidarismo era o empenho que cada um punha na sua banda para conseguir um bom nível de execução.
Na década de 40 a guerra desencadeada na Europa leva à mobilização dos jovens da freguesia, as duas filarmónicas começaram a ter dificuldade devido à falta de tocadores e os elementos de uma começam a ajudar os da outra. Algum tempo mais tarde ao constatarem que não é possível manter as duas filarmónicas e chegam a ao entendimento de integram a Música Nova na Lira Fraternal Calhetense que era a que estava legalmente constituída. Esta não foi uma decisão pacífica e alguns membros saíram deixando algumas carências a nível de alguns instrumentos.
Com o fim da guerra muitos jovens regressam à freguesia e à Lira Fraternal Calhetense que se vai recompondo de tocadores. Com o mestre Manuel Serafim a preparar novos músicos e com José Faidoca Novo na regência a Lira Fraternal Calhetense readquire algum prestígio.
Vários mestres foram passando pela regência da filarmónica até que Manuel Cardoso, já responsável pela capela da igreja, assume funções e mantém-se algumas dezenas de anos à frente da banda, sempre com Manuel Serafim a preparar novos tocadores.
Com a saída de Manuel Cardoso, Arlindo Silveira Garcia ficou à frente da filarmónica durante dois anos que posteriormente passou para as mãos do grande músico Manuel Xavier Soares que a ensaiou durante anos com grande talento e dedicação. Floriberto Ferreira, filho de Manuel Herberto Ferreira e neto de Manuel Nunes Ferreira, dedicados tocadores desta filarmónica, um jovem talentoso na área musical e com um curso de formação musical tomou as rédeas da banda durante alguns anos, trazendo uma nova dinâmica e uma força renovada à filarmónica. Esta prosseguiu nas mãos de Marco Machado que, por razões pessoais deixou o cargo em Outubro de 2008.
Instalada nova crise, sem alguém que queira assumir as funções de maestro, aparece Bruno Rosário, um jovem tocador da banda, que tendo alguns conhecimentos musicais e curso de regente no seu currículo e bastante empenhado que se predispõe a assumir essas funções enquanto não aparecer alguém mais habilitado para tal.
A vida da Lira Fraternal Calhetense continua com os seus altos e baixos e contando com o apoio de alguns jovens de outras freguesias. A sociedade retoma forças com o regresso de André Simas à freguesia e este assume a regência da filarmónica que o viu nascer para a música. Mas por motivos profissionais, André Simas não consegue se manter à frente da Lira Fraternal Calhetense e a sua saída leva a que, novamente, comece a procura incessante por um mestre novo. Mas com a abertura da Escola Municipal de Música, tudo se torna mais fácil, pois há uma maior afluência de professores de música no concelho o que permite uma maior proximidade das bandas com pessoas credenciadas para o efeito. Já passaram pela regência da Lira Fraternal Calhetense —– e ———. Atualmente regida por ….. a filarmónica Lira Fraternal Calhetense continua no ativo, decorridos 135 anos de uma vivência digna de respeito.
Há uns anos a esta parte, e pela mão de variadas direções a Lira Fraternal Calhetense tendo efetuado diversos intercâmbios culturais a nível regional e nacional e continua a celebrar o seu aniversário no segundo fim-de-semana de Julho, uma festa que já adquiriu um elevado estatuto e que traz à ilha agrupamentos musicais de qualidade e um elevado número de forasteiros atraídos sobretudo pela hospitalidade do povo desta terra e pela singular beleza paisagística.